1991 é um álbum de estúdio lançado em 2023, contendo 6 faixas. Composto, produzido e masterizado como nos anos 80, por Mart.

Entrevista

O que pode nos dizer sobre o novo trabalho ‘1991’?

É o retorno às raízes sonoras do Símbolo, de forma controlada, graças à tecnologia digital. Em 1988 eu comecei a compor o meu primeiro álbum, Le Sacrè du Printemps, lançado pela Cri du Chat Disques, que marcou a minha sonoridade original. Na época, eu não tinha os recursos tecnológicos que eu tenho hoje. Eu tinha um sintetizador Roland Alpha Juno-1, uma bateria eletrônica Roland TR-707 e uma linha de baixo Roland TB-303; mas o que deu personalidade ao som desses três instrumentos juntos foi o pedal Boss RV-2.

Quando e como conheceu a EBM (Electronic Body Music)?

Em 1988, quando comecei o Símbolo, eu não conhecia a EBM, foi o pessoal da Cri du Chat Disques que me mostrou. Eu conhecia a música industrial por causa da Faculdade de Belas Artes de São Paulo, em 1980, onde tive contato com os movimentos artísticos dos quais o Art Nouveau (industrialista) faz parte. Foi aí que tive vontade de fazer música com máquinas. Talvez por causa de eu ter nascido no Brás, um bairro originalmente industrial. A minha família tinha um negócio com indústria. Eu queria que o Símbolo fizesse parte do cenário cultural da cidade, tanto é que os primeiros shows foram em teatros, centros culturais e programas como o Metrópolis, na TV Cultura. Os shows seguintes já foram em lugares “underground”, por indicação da Cri du Chat Disques. A partir daí, o Símbolo passou a ser rotulado de banda de EBM; antes não.

Os shows do Símbolo eram intensos também por causa do contraluz e da fumaça. Qual é a ideia por trás disso?

Sim. Uma imagem marcante é o Polo Industrial de Cubatão, à noite. Aquilo é de uma beleza singular, com chaminés flamejantes no meio da neblina. Também presenciei essa cena no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia. Nos shows, eu capturava aquela atmosfera industrial.

Quando e por que o Símbolo passou a fazer os vocais pelo computador?

Foi em 2006. Para fazer jus ao conceito “música feita por máquina”, resolvi levar isso 100% ao pé da letra. Hoje, a máquina é o computador.

O Símbolo começou como um duo. Quando e por que passou a trabalhar sozinho?

O Símbolo passou por três formações como uma dupla e agradeço aos meus ex-companheiros, pois cada um teve a sua importância; mas quando comecei a fazer os vocais pelo computador, percebi que o Símbolo caminhava em direção para algo mais pessoal; um projeto de arte e não mais uma banda.

Entendi. Então, uma vez definido que o Símbolo é um projeto solo, de música industrial, o que pode nos dizer sobre as suas influências?

Os pilares do Símbolo são: minimal, serial, concreto, industrial. Quando você tem alicerces sólidos, como estes, você não precisa de referências, os pilares colocam o trabalho no prumo. A minha influência é a arte; sou movido por conceitos, métodos e padrões. Mas tem artistas que eu gosto, e se gosto, é porque estão sob estes quatro pilares.

Pode citar um exemplo?

Philip Glass. Nos anos 80, fui num show dele.

Na faixa ‘Vai Brasil’ tem uma discussão de casal. O que isso tem a ver com a vida corporativa?

São dois colegas de trabalho assistindo ao jogo de futebol do Brasil no bar, perto do escritório. Eu estava na mesa ao lado, ouvi e resolvi fazer uma adaptação e colocar no álbum Simetria.

Tenho reparado mudanças nas músicas.

Periodicamente faço alterações, ajustes e adequações para melhorar o potencial mercadológico do produto. Sem uma viabilidade comercial, um projeto, mesmo que artístico, não se sustenta.

Por que o álbum Le Sacrè du Printemps não está no site?

Para entrar no site, os primeiros trabalhos, os lançados pela Cri du Chat Disques, teriam que estar no atual padrão de produção. Eu não quero alterar o padrão destes álbuns, pois correria o risco de diluir a obra original.

Uma palavra final?

O Símbolo se reinventou.
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